Achadas as tuas palavras, logo as comi; as tuas palavras me foram gozo e alegria para o coração, pois pelo teu nome sou chamado, ó SENHOR, Deus dos Exércitos. Jeremias 15:16

domingo, 16 de dezembro de 2012

Misericórdia quero... - Mateus 9:9-13

Igreja Evangélica Presbiteriana
Domingo, 16 de dezembro de 2012
Pr. Plínio Fernandes
Em nossa última meditação vimos que, depois de haver narrado, nos capítulos anteriores de seu Evangelho, uma imensa quantidade atitudes, de ensinos e de obras miraculosas que demonstraram a autoridade do Senhor Jesus sobre todas as coisas, uma autoridade reconhecida pelas multidões de pessoas que o ouviam, uma autoridade que até o mar e os ventos obedecem, à qual até os demônios se submetem, aqui no capítulo 9 Mateus nos diz que esta mesma autoridade foi rejeitada justamente por aquela classe de homens que mais tinham razões para reconhecê-la com alegria: os escribas, os mestres do Antigo Testamento.
Porque, conforme lemos no capítulo 2, os escribas e sacerdotes, conhecedores das Escrituras, sabiam que Deus havia prometido a vinda do Cristo, para ser o Rei-Salvador do seu povo.[1]
Sabiam, por causa das profecias, até mesmo o lugar onde o Cristo deveria nascer.
Mas quando souberam do nascimento de Jesus, não tomaram qualquer atitude a fim de ir conhecê-lo; e agora, quando Jesus já era “homem feito”, e começou a cumprir sua missão de ensino sobre o reino de Deus, esta mesma classe de homens passou a rejeitá-lo claramente.
Nos primeiros oito versículos aqui vemos os escribas resistindo a ele em seus corações, porque o Senhor reivindicava autoridade para perdoar pecados.
E no texto sobre o qual meditaremos hoje, vemos os fariseus, dentre os quais muitos eram escribas, opondo-se a Jesus porque ele manifestava para com os pecadores uma misericórdia da qual os fariseus não os consideravam dignos.
9 Partindo Jesus dali, viu um homem chamado Mateus sentado na coletoria e disse-lhe: Segue-me! Ele se levantou e o seguiu.
10 E sucedeu que, estando ele em casa, à mesa, muitos publicanos e pecadores vieram e tomaram lugares com Jesus e seus discípulos.
11 Ora, vendo isto, os fariseus perguntavam aos discípulos: Por que come o vosso Mestre com os publicanos e pecadores?
12 Mas Jesus, ouvindo, disse: Os sãos não precisam de médico, e sim os doentes.
13 Ide, porém, e aprendei o que significa: Misericórdia quero e não holocaustos; pois não vim chamar justos, e sim pecadores ao arrependimento.
Os três evangelhos sinóticos colocam a vocação de Mateus logo em seguida à cura do paralítico em Cafarnaum.[2]
Nos evangelhos de Marcos e Lucas, Mateus é chamado Levi, o que não é de se estranhar, porque a utilização de mais de um nome era uma coisa muito comum entre os judeus. Nós temos inúmeros exemplos deste fato registrados na Bíblia.
Marcos acrescenta que o Senhor estava ensinando perto do mar. Enquanto andava, Jesus viu Mateus, sentado no posto de arrecadação dos impostos; e lhe disse: “Segue-me”.
Nós sabemos que os publicanos, cobradores de impostos, eram tidos como pecadores porque geralmente eram corruptos e trabalhavam para um governo invasor e opressor do povo israelita.
Mas Jesus explica que veio ao mundo justamente para salvar os pecadores.
Então ele convida Mateus; e Mateus se levanta e o segue.
Acho interessante como Mateus conta isto de modo muito simples, resumido e direto.
Pois Lucas dá ênfase ao fato de que Mateus deixou tudo para seguir a Jesus, e que em seguida, em sua própria casa, ofereceu a Jesus um grande banquete, para o qual convidou muitos publicanos e pecadores.
Parece que Mateus não era muito de falar sobre suas próprias realizações; aliás, parece que Mateus não era de falar muito. Nós simplesmente não o vemos falando em ocasião alguma, nos quatro evangelhos. Talvez discrição e humildade sejam apenas duas das muitas qualidades que revelam a força interior deste homem.
Mas neste Evangelho, que se tornou o primeiro na Bíblia, nós vemos Mateus escrever muito, a respeito de quem ao crente interessa falar: sobre Jesus.
Tenho comigo, meus irmãos, que este encontro de Jesus com Mateus não foi o primeiro.
Em Atos capítulo 1 nós lemos que um dos critérios para uma pessoa ser contada entre os apóstolos era que deveria ter acompanhado Jesus e os demais desde os primeiros dias de seus ensinamentos, começando com o batismo de João, até o dia em que o Senhor foi elevado às alturas.[3]
Então, ainda que até agora Mateus não tivesse sido chamado para fazer parte do círculo dos discípulos, e ainda só mais tarde é que seria escolhido como um dos apóstolos, parece que ele já estava acompanhando os ensinamentos de Jesus havia alguns meses.
De forma que, quando Jesus passou por ele e o convidou, o coração de Mateus já estava preparado para deixar tudo e seguir o Senhor. E ficou tão alegre e desprendido que logo ofereceu um banquete a Jesus, convidando muitos de sua antiga vida para que participassem.
Mas os fariseus, vendo o que acontecera, não concordaram com o comportamento de Jesus, e disseram aos discípulos:
Porque come o vosso Mestre com publicanos e pecadores?
Talvez, meus irmãos, os fariseus, tivessem em mente passagens como o Salmo primeiro:
“Bem-aventurado o homem que não anda no conselho dos ímpios, não se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores”.[4]
Talvez eles entendessem que em qualquer circunstância jamais um homem de Deus pudesse estar com pecadores.
Eles não perceberam que Jesus, ao se aproximar dos pecadores, ao chamá-los para si, estava fazendo justamente o que Deus faz tantas vezes através dos profetas, quando chama Israel ao arrependimento.
Pois muitas vezes, começando de madrugada, por meio dos profetas, o Senhor chamava aquela nação idólatra, adúltera e pecadora, porém amada, à conversão.[5]
Jesus não estava participando dos pecados daquelas pessoas, mas através do amor dando a elas a oportunidade de se chegarem a Deus.
Então estas coisas deram ao Senhor ocasião para que trouxesse mais uma lição acerca da vontade de Deus:
vs. 12 e 13:
Mas Jesus, ouvindo, disse: Os sãos não precisam de médico, e sim os doentes. Ide, porém, e aprendei o que significa: Misericórdia quero e não holocaustos; pois não vim chamar justos, e sim pecadores ao arrependimento.
Misericórdia quero. “Misericórdia”, diz o Senhor, “é a minha vontade, o meu desejo, o que satisfaz o meu coração”.
Há duas revelações sobre Deus aqui que desejo destacar:
1. Ser misericordioso é da natureza de Deus
Vemos isto no comportamento de Jesus.
Ele está na casa de Mateus, conhecido por todos por sua profissão duvidosa, tida como impura, cheia de corrupção, abusos e opressão.
Uma classe de homens desprezados. E na casa de Mateus se achegam muitos outros publicanos e pecadores, a fim de participar de um banquete com Jesus.
Aliás, este não é o único momento, narrado nos evangelhos, em que isto aconteceu.
Em Lucas 15 lemos de outra ocasião em que os escribas e fariseus estavam se queixando de que ele recebia e comia com pecadores.
Em Lucas 7, outro fariseu, Simão, duvida da santidade de Jesus, pois ele permitiu que uma mulher conhecida por sua vida pecadora beijasse seus pés e os enxugasse com os cabelos.
E em Mateus 21:31 e 32 o Senhor, de forma ousada, porém verdadeira e amorosa, diz aos sacerdotes e líderes anciãos que muitas prostitutas e pecadores os precederiam no reino de Deus, pois haviam crido, ao passo que eles, sacerdotes, não haviam se arrependido e crido.
Mulheres de vida errada, publicanos e pecadores, eram pessoas que se sentiam atraídas a Jesus, ao passo que gente que se achava espiritualmente superior o rejeitava.
Claro que se Jesus viesse a se encarnar em nossos dias, ele não mudaria a sua maneira de se comportar, uma vez que o seu caráter também não muda.
Penso que se ele viesse a se encarnar nos dias de hoje, ele estaria sempre cercado de pessoas pecadoras, tidas como as piores pecadoras.
Estaria cercado por mulheres de má fama, e homens também. Enfermos do corpo e da alma.
E ele as trataria como gente, e não como um embaraço. E as amaria.
Porque Jesus estava sempre com pessoas assim?
Porque, na sua visão, estas pessoas de vida errada precisavam ser perdoadas, precisavam ter suas consciências curadas, precisavam saber que eram amadas, precisavam ser transformadas interiormente, mudar de vida, e precisavam saber que isso era possível, e ele veio para conduzi-las a esta mudança interior, conduzi-las ao arrependimento.
Eram como enfermos carentes de médico, e ele era o médico do qual necessitavam.
A esta visão que tinha, a esta atitude receptiva, esta compaixão, a este tratamento de amor, Jesus chama “misericórdia”.
Bem, “misericórdia”, irmãos, ao lado de “graça, justiça, amor, bondade, fidelidade, santidade,” é um dos inúmeros atributos com os quais a Bíblia nos revela o caráter de Deus.
Deus, por natureza, é misericordioso. Infinitamente misericordioso, eternamente misericordioso.
As misericórdias do Senhor são a causa de não sermos consumidos, apesar dos nossos pecados.[6]
As misericórdias do Senhor se renovam a cada manhã.[7]
Por causa de sua misericórdia ele ordenou que Jonas fosse pregar em Nínive, a fim de que os ninivitas se arrependessem e a cidade não fosse destruída. [8]
Por causa de sua misericórdia ele ordena que o evangelho da salvação seja pregado no mundo inteiro, pois ele não tem prazer na morte do pecador, mas que o pecador se arrependa e creia nele.[9]
Por causa de sua misericórdia ele fez uma aliança eterna conosco, no sangue de Jesus.[10]
Pois nós estávamos mortos em delitos e transgressões, éramos filhos da ira, escravos do pecado e do diabo, mas Deus, sendo rico em misericórdia, e por causa do grande amor com que nos amou, deu-nos vida juntamente com Cristo, e por sua graça somos salvos.[11]
Numa ocasião eu estava conversando com um pastor que era meu líder, a respeito de certa irmã que deveria ser disciplinada pela igreja, pois ela havia tido relações ilícitas, com uma pessoa que nem era namorado dela, e estava grávida.
Uma vez que se tornou um pecado manifesto ela deveria ser disciplinada publicamente.
Estávamos conversando sobre o fato de que toda a disciplina que o Senhor impõe sobre nós é misericordiosa e justa.
A certa altura, pensando no ensino de Tiago, ele me disse que se quisermos, no futuro, alcançar misericórdia, devemos ser misericordiosos agora.[12]
Eu concordei com ele, e acrescentei que também, se olharmos para o nosso passado, e contemplarmos o quanto, até hoje, Deus tem sido misericordioso conosco, então temos da mesma forma muitíssimos motivos para ser misericordiosos também.
Sabe, meus irmãos, alguns crentes vem de um passado, aos olhos humanos, de pecados maiores:
Alguns vieram de uma vida de imoralidade, de vícios, de crimes.
Aos nossos olhos, quando uma pessoa vive em pecados assim tendemos a pensar que elas tinham vidas sujas, e de fato, era assim.
Mas isto não é verdade somente em relação aos que vieram de fora.
Porque, mesmo que uma pessoa tenha sido criada num ambiente “limpo”, o nosso pecado, o nosso egoísmo, as nossas sujeiras do coração, coisas como orgulho, vaidade, impureza de pensamentos e sentimentos, fazem-nos imundos aos olhos puros de Deus.
Aquele que comete pecados em seu coração não é mais puro aos olhos de Deus do que aquele que os comete exteriormente.
Como diz Isaías, todas as nossas obras são como um trapo da imundícia.[13]
Porque, meu irmão, olhe para o seu passado:
Quantos pecados você já cometeu, quantas palavras tolas, quantas injustiças contra o seu próximo; quantos julgamentos injustos, quantos pensamentos que você não tem coragem de revelar a ninguém?!
Além disto, quantos ataques de Satanás, quantas tentações, quantas injúrias humanas, quantas aflições, que se não fosse a misericórdia de Deus a nos sustentar, já teríamos sucumbido?
Todos nós não somos cheios de razão para dizer que é pelas misericórdias de Deus que vamos para o céu, que é pelas misericórdias de Deus que temos sido sustentados, fortalecidos, consolados em nossas angústias, livrados do mal, aceitos como filhos amados?!
Não é pelas misericórdias de Deus no sangue de Jesus, que temos sido conduzidos ao arrependimento, feitos dignos de participar da santa ceia, de receber o Espírito Santo, de receber a Palavra com entendimento, de ser parte da igreja?
Não é pelas misericórdias que temos o trabalho, o pão de cada dia, o sustento para nossas famílias, e temos recebido a graça de contribuir para o sustento da igreja, igreja que amamos e que Deus ama?
Aliás, existe alguma coisa em nossa vida que não seja fruto da misericórdia de Deus?
Pois ser misericordioso é da natureza do nosso Pai celestial.
Ser misericordioso é da natureza do Espírito Santo.
Ser misericordioso é da natureza de nosso Senhor Jesus Cristo.
2. Também é da natureza de Deus o ensinar misericórdia aos seus filhos amados
No v. 13 o Senhor diz aos fariseus:
Ide, porém, e aprendei o que significa: Misericórdia quero e não holocaustos; pois não vim chamar justos, e sim pecadores ao arrependimento.
Quando Jesus diz: Misericórdia quero, e não holocaustos, está citando o profeta Oséias, cuja doutrina os fariseus demonstravam ter esquecido, ou não ter aprendido.
Há duas implicações muito importantes aqui:
A primeira, é que é na Bíblia que aprendemos a vontade de Deus, isto é, se queremos saber, devemos ir aos profetas e apóstolos, ao que está na Bíblia.
Mas a segunda é que, mesmo sendo uma pessoa religiosa, com a Bíblia na mão, como era o caso dos fariseus, uma pessoa pode não estar fazendo a vontade de Deus.
Os fariseus, ainda que se vangloriassem do conhecimento que tinham da lei e dos profetas, não conheciam realmente.
Vejamos o texto que nosso Senhor está citando:
Oséias 6:6
Pois misericórdia quero, e não sacrifício, e o conhecimento de Deus, mais do que holocaustos.
Neste versículo, assim como em todo o livro de Oséias, o Senhor está revelando o seu coração, e chamando Israel ao arrependimento.
Israel era uma nação acentuadamente religiosa, nós bem sabemos.
Milhares de sacerdotes e levitas.
Dezenas de cerimônias prescritas na lei do Senhor.
Milhares de sacrifícios e holocaustos.
Mas pouco amor. Pouca justiça. Pouca preocupação com o semelhante, com as necessidades humanas.
E como ensina João, se você não ama ao seu irmão, a quem vê, também não ama a Deus, a quem não vê.[14]
Pouco conhecimento de Deus. Pouca comunhão com Deus.
Porque se conhecessem a Deus, seriam imitadores dele; seriam, por causa do andar com ele, transformados à imagem do seu caráter.
Seriam gente misericordiosa e justa. Gente caracterizada pelo amor, pela alegria em promover a justiça e praticar o bem.
Ora, a mesma escuridão espiritual dos antigos, os fariseus portavam agora em suas almas.
Não sabiam o que é misericórdia. Não conheciam a Deus.
Aliás, quem vê a Jesus, ele nos ensina, vê também o Pai.[15]
Deus estava ali, bem na frente deles, e eles não conseguiam enxergar.
Eles tinham certas noções espirituais que faziam deles gente religiosa, preocupada com as coisas de Deus.
Mas o coração humano é uma coisa terrível, como diz Jeremias: é desesperadamente enganoso e corrupto.[16]
Nossa tendência natural é pensar que somos capazes, por nossas próprias forças, por nosso próprio entendimento, de fazer a vontade de Deus, como se a religião dada por Deus fosse um conjunto de regras às quais podemos seguir infalivelmente.
Quando pensamos estar “cumprindo a lei”, achamos que estamos preenchendo as condições de ser pessoas espirituais.
E os que não cumprem, de acordo com as nossas regras, não são espirituais.
Os fariseus pensavam assim.
Mas isto é um engano muito grande. Não adianta ter uma lista de “pode e não pode”. Porque não é assim que nos relacionamos com Deus.
Então, como é que nos relacionamos com Deus? É aparte de sua lei? É deixando a Bíblia de lado?
Não! Não é. Mas é tomando a Bíblia como Palavra de Deus, como um meio de ouvir a sua voz, de entender sua doutrina; de saber como Deus, Pai, Filho e Espírito Santo é, de conhecermos suas obras, e como nós somos, de sermos convencidos dos nossos pecados, de olharmos para o sangue de Jesus, a justiça que há nele, de sermos convertidos dia a dia, de sermos transformados dia a dia.
E a regra áurea para encontrar Deus por meio das Escrituras é: “Buscar-me-eis e me achareis, quando me buscardes de todo o coração”. [17]
Por isto Jesus ordenou: “Vão aprender o que significa: misericórdia quero, e não sacrifícios...”, como quem diz: “Voltem para as Escrituras, vão estudá-las novamente, vão aprender da Palavra de Deus...”
Leiamos Miquéias 6:8
Ele te declarou, ó homem, o que é bom e que é o que o SENHOR pede de ti: que pratiques a justiça, e ames a misericórdia, e andes humildemente com o teu Deus.
Veja o que é Palavra profética:
É Deus declarando, falando com o homem.
É Deus revelando sua vontade: que pratiques a justiça, que ames a misericórdia, que andes humildemente.
É Deus chamando o homem para andar, não sozinho, mas com ele: andes com o teu Deus.
Se, diante a Palavra, não houver andar com Deus, se apenas o que houver for uma lista de “coisas que eu faço e então sou espiritual, e os outros não fazem e não são”, se o andar com a Palavra não me fizer humilde e quebrantado, justo e misericordioso, então não conheço Deus.
Por isto Jesus ensina: “Ide e aprendei o que significam as palavras do profeta: Misericórdia quero, e não sacrifícios...”
Ora, quando alguém aprende realmente, quando anda realmente com Deus, gradualmente vai aprendendo a ser um imitador de Deus.
Este é o sentido do ditado popular: “Diga-me com quem andas, e dir-te-ei quem és...”
Daí todas as exortações que o Espírito Santo nos dá na Escritura:
Disse o Senhor a Abraão: Anda na minha presença, e sê perfeito... [18]
Sedes santos, (diz o Senhor através de Pedro), porque eu sou santo... [19]
Sede imitadores de Deus como filhos amados, e andai em amor, assim como Cristo nos amou... [20]
Sede meus imitadores, (escreve Paulo), como eu sou de Cristo... [21]
E João escreve:
Aquele que diz que permanece nele, esse deve também andar assim como ele andou. [22]
Assim, na medida em que olhamos para Jesus, na medida em que olhamos para Deus nas Escrituras, vamos sendo transformados, de glória em glória, passo a passo, na imagem dele pelo poder do Espírito.[23]
Aquele que está aprendendo misericórdia está se preparando para o céu, está aprendendo a ter um caráter celestial.
Ser misericordioso, crescer nisto, é da natureza daqueles que conhecem a Deus.
Conclusão
“Ide a aprendei o que significa: Misericórdia quero, e não holocausto”
Temos colocado em relevo dois ensinamentos básicos destas palavras:
1º. Por natureza, Deus é um ser misericordioso
Ele ama a misericórdia, ele manifesta misericórdia e deseja que a misericórdia seja praticada entre os homens.
Não digo que Deus é misericórdia, mas também é justiça, porque não consigo entender justiça e misericórdia, assim como qualquer atributo de Deus, como atributos adversos.
Digo que Deus é misericordioso e ao mesmo também justo, santo, amoroso e tudo o mais.
2º. Ensinar seus filhos a serem misericordiosos, também é da natureza de nosso Pai celestial
Por meio da Palavra de Deus revelada na Escritura, por meio da comunhão com Jesus, por meio do Espírito de Cristo que nele habita, o discípulo de Jesus aprende a ser como seu Mestre.
Recebe do alto o poder, tem sua mente renovada, e aprende a ter um coração compassivo, cuidadoso, generoso, perdoador, bom para com o seu semelhante.
Que se alegra em ver a salvação dos pecadores, que se condói diante da incredulidade e das misérias e sofrimentos humanos, que procura ajudar a todos, crentes ou não.
Se alguém não aprende o que é ser misericordioso, não está andando com Deus, não tem o Espírito de Deus.
Vamos fazer algumas aplicações desta doutrina em nosso dia a dia:
1ª. Esta doutrina nos convida a voltar nossos olhos para Deus, e admirá-lo, pela beleza de sua santidade que é revelada na misericórdia.
Deus é santo, amoroso, justo, compassivo, reto, bondoso, incontaminado pelo pecado, misericordioso.
Todo o universo revela a glória de Deus. Todo o universo manifesta a sua misericórdia.
Mas de maneira suprema, a misericórdia de Deus, e tudo quanto ele é, nos é revelada em Jesus, que se fez carne e habitou entre nós cheio de graça e de verdade.
Então olhemos para Deus revelado em Jesus Cristo, e admiremos a Deus, e o louvemos, e o glorifiquemos.
2. Esta doutrina nos exorta a viver com alegria, desfrutando das misericórdias de Deus em nossa vida
Nós, os que cremos nesta doutrina, que conhecemos a Deus revelado em Cristo, não somos vasos de ira, não estamos destinados à perdição; somos vasos de misericórdia, preparados para a glória.
As misericórdias de Deus têm nos conduzido ao arrependimento.
Fomos regenerados, recebemos a graça da fé, da vida transformada.
As misericórdias do Senhor nos preservam.
O nosso Pai celestial provê todo o necessário para a salvação das nossas almas, e todo o necessário para o nosso sustento neste mundo.
Até mesmo quando provados pelas adversidades, ou disciplinados através da vida, o Senhor está sendo generoso para conosco.
Pois se Deus, nosso Pai, nos fosse castigar de acordo com os nossos pecados, nosso destino seria a perdição, e há muito que já teríamos perecido.
Então vivamos com alegria, e desfrutemos as coisas boas que Deus nos dá: a salvação, as delícias da vida espiritual, quero dizer, a oração, a comunhão com Deus pelas Escrituras, a família, o trabalho, o pão de cada dia, a comunhão com os irmãos, a evangelização, o contribuir com o nosso dinheiro na igreja, o uso dos nossos dons, os amigos, entendamos que tudo é dom de Deus, que a vida é boa e é para ser vivida com prazer, com liberdade, com santidade, com amor, para a glória de Deus.
3. Esta doutrina também nos incentiva a aprender mais sobre as misericórdias do Senhor
Existem dois livros nos quais o Senhor nos ensina sobre ele: a criação e as Escrituras
Quando contemplamos o céu, obra dos seus dedos, e a lua, e as estrelas que ele preparou, e vemos como ele cuida de nós, pequeninos seres humanos, pecadores, aprendemos muito sobre Deus.
Preste atenção nas coisas criadas, e veja a sabedoria, o poder, o amor de Deus na criação. Estude este livro, porque nele você aprende sobre Deus.
Mas acima de tudo estude as Escrituras.
Pois são as Escrituras que nos revelam muito claramente o caminho da salvação, que nos revelam o nome de Deus, que nos falam de sua encarnação, que nos conduzem a Jesus.
E leia as Escrituras buscando Jesus, e aprendendo a ler com os olhos de Jesus, com o Espírito de Jesus.
Isto quer dizer que precisamos ler com humildade, dependência e confiança.
Senhor, abre os olhos do meu coração, ilumina os meus pensamentos, mostra-me quantas tem sido as tuas misericórdias para comigo, para com a igreja, para com todos.
4. Esta doutrina nos exorta a ser misericordiosos
Só há um tipo de gente que não conhece a misericórdia de Jesus: aqueles que não buscam a Jesus.
Como os fariseus.
Mas se você é um crente, um filho de Deus regenerado pelo Espírito, justificado pela fé em Jesus, aprender a ser misericordioso é uma conseqüência inevitável.
Faça misericórdia.
Pense em quantos meios você pode praticá-la:
Ame os pecadores que ainda estão perdidos.
Ame os pecadores que já estão salvos, os seus irmãos na fé.
Ame tratando bem.
Ame sendo generoso.
Ame como Jesus.
Não tenha medo de amar demais. Não tenha medo de se decepcionar. Não tenha medo dos custos.
Porque Jesus amou demais. Não teve medo de se decepcionar. Não teve medo dos custos, pois ele entendia que valeria a pena o penoso trabalho de sua alma, e ficou satisfeito.



[1] Mt 2:4-6
[2] Mc 2:13-17; Lc 5:27-32
[3] At 1:21, 22
[4] Sl 1:1
[5] Jr 25:3
[6] Lm 3:22
[7] Lm 3:23
[8] Jn 4:11
[9] Ez18:32; 2ª Pe 3:9
[10] Hb 8:8-10
[11] Ef 2:1-9
[12] Tg 2:13
[13] Is 64:6
[14] 1ª Jo 4:20
[15] Jo 14:9
[16] Jr 17:9
[17] Jr 29:13
[18] Gn 17:1
[19] 1ª Pe 1:16
[20] Ef 5:1, 2
[21] 1ª Co 11:1
[22] 1ª Jo 2:6
[23] 2ª Co 3:18

11 comentários:

  1. muito bom tirei as dúvidas que eu precisava

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  2. Palavra de entendimento,bencao de Deus essas palavras.

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  3. Bom, muito bom mesmo. Louvo e engrandeço ao Senhor Jesus por sua vida e ministério.

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  4. Então Jesus relamente quis dizer para estudar as escrituras

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  5. Muito edificante esse texto, tirou algumas dúvidas.
    Louvo a Deus pela sua vida, que ele te abençoe ricamente.

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  6. Amei a explanação que fizestes, Deus abençoe
    Foi benção na minha vida essa mensagem.

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  7. Glória a Deus. Que eu ame a misericórdia, que eu a pratique e que eu a ensine. Que Deus abençoe sua vida, que tão inspirado por Ele nos declarou essas palavras. Eu posso compartilhar esta mensagem?

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  8. Boa tarde, Sahra. Louvado seja Deus, por ter sido abençoada por está mensagem. Claro que pode compartilhar. Que o Senhor use sua vida para abençoar muitas outras pessoas. "De graça recebestes, de graça dai".

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  9. Gloria a Deus
    Esta mensagem vem direto do céus pra minha vida hoje
    Deus no controle

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  10. Muito boa explicação, Deus é misericordioso, mais e justo, não devemos amar o pecado, essa prática só nos afastar da nossa salvação.

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  11. Nossa essa semana ouvi na igreja que alguém iria ter fome de aprender mas sobre a Bíblia e creio que me serviu pois tenho procurado aprender e estou maravilhada com esse ensinamento que achei de ler para entender o que esta escrito nas escrituras sagradas

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